Fato aconteceu em Franciscópolis, interior de Minas, Região do Vale do Jequitinhonha. Sindicato que representa a categoria repudia a violência
Uma professora de 36 anos ficou ferida após ser atacada pela mãe de uma aluna no fim da tarde de terça-feira (1º), quado saía de seu local de trabalho, em Franciscópolis, cidade do Vale do Mucuri. Nas imagens das agressões, que viralizaram na internet e chocaram pessoas de todo o país, é possível ver a profissional recebendo tapas, puxões de cabelo e sendo jogada no chão enquanto pede, calmamente e sem esboçar qualquer reação, que a agressora parasse com aquilo.
A autora, uma mulher de 37 anos, aparece nas imagens perguntando o motivo de a professora estar "mexendo com a minha filha na escola". Mesmo com a vítima o tempo inteiro tentando apenas acabar com a confusão, ela segue com as agressões, apesar da outra filha, de 19 anos, também pedir que ela parasse. No fim, a professora tenta subir na moto para ir embora, mas a suspeita toma a chave de sua mão e volta a jogá-la no chão.
As agressões só chegaram ao fim após um motociclista que passava pelo local socorrer a professora e a levar para o hospital. Conforme o registro da Polícia Militar (PM), a confusão teve início por volta de 17h30 na porta da Escola Estadual Maria Silva Rocha, onde a vítima trabalha. Em seu relato, a vítima diz que foi surpreendida na porta do trabalho pela mãe e irmã de sua aluna, sendo que a mulher iniciou os tapas e socos imediatamente.
O depoimento da professora conta ainda com a informação de que a mãe chegou a dizer que iria "ensinar a trabalhar", pois já a agrediu uma vez e ela não teria aprendido. A PM não soube dar detalhes sobre essa outra agressão relatada pela vítima. Durante a confusão, a mãe da aluna chegou a danificar o celular, que foi jogado no chão, e a moto dela usando uma telha de barro.
Já na versão da agressora aos policiais, ela disse ter ido até a escola para fazer uma reclamação com a professora, porém, quando chegou, teria visto a mesma indo em direção à sua filha, que também estuda na escola, momento em que a chamou e iniciou as agressões. A suspeita ainda negou que tivesse pegado a chave da moto da professora, ação que pode ser visualizada no vídeo.
Filha da professora pegou faca e ameaçou agressoras
Antes da chegada da PM no local, a filha da professora, uma adolescente de 16 anos, acabou se envolvendo em outra confusão. Revoltada após assistir as agressões sofridas pela mãe, a estudante foi até a casa de uma amiga e pediu uma faca. Armada com o objeto de 18 cm de lâmina, a menor foi, então, até a casa das duas mulheres suspeitas de atacarem sua mãe, e chamou pelo nome a filha da mulher, de 19 anos.
Segundo a jovem, filha da agressora da professora, a adolescente chamou por ela e, assim que abriu o portão, teria tentado atacá-la com faca, sendo que só não foi ferida porque a menor foi contida por vizinhos. Já a mãe disse que viu a filha ser atacada e que a confusão só acabou após ela jogar uma garrafa em direção à filha da professora.
A adolescente, a professora, a mãe da aluna e sua filha foram conduzidas, mas acabaram liberadas após assinarem um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e se comprometerem a comparecer em juízo. A faca usada pela filha da professora foi apreendida.
Segundo o sargento Sidney Aparecido Ferreira, comandante do destacamento de Franciscópolis, a corporação tem feito uma campanha rigorosa, com visita nas escolas, sobre o respeito aos professores e outras condutas sociais. "O objetivo é justamente evitar esses tipos de situação. Foram tomadas as providências cabíveis neste caso e a PM reafirma o compromisso de zelar pela segurança de toda a população", garantiu.
Secretaria de Educação e sindicato acompanham o caso
Procurada, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) informou, por meio de nota, que a Superintendência Regional de Ensino de Teófilo Otoni, responsável pela coordenação da Escola Estadual Maria Silva Rocha, está acompanhando o caso. "A direção da escola prestou todo o suporte necessário à funcionária da instituição", conclui.
O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) em Teófilo Otoni, na mesma região, emitiu uma nota de repúdio às agressões em que afirma que, mesmo tendo sido atendida pela direção da escola para falar sobre suas reclamações, a mãe da aluna decidiu "cercear" a professora.
"O Sind-UTE repudia toda ação contrária aos servidores da educação e conclama a todos que fazem parte da comunidade escolar, que optem pela paz e a tranquilidade. Enquanto entidade, já nós disponibilizamos em fazer todo o acompanhamento jurídico à servidora e escola", finaliza a nota.
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