Ligações clandestinas e irregulares acarretam num aumento de cerca de 5% nas contas de energia
O número de inspeções para identificação e remoção de ligações irregulares e clandestinas cresceu mais de 700% em Minas Gerais nos últimos três anos, de acordo com dados da Cemig. Em 2016, foram realizadas 26 mil inspeções pela companhia e, no ano passado, 185 mil.
Somente, nos três primeiros meses de 2019, a Cemig já verificou 55 mil medidores de energia e encontrou cerca de 22 mil irregularidades. O objetivo das vistorias é reduzir o número de fraudes na rede de distribuição, pois as perdas decorrentes das ligações irregulares refletem não somente na economia da empresa, mas também da população, já que a energia furtada é considerada na composição da tarifa de energia elétrica.
Além das inspeções de rotina, a Cemig realiza, a cada 15 dias, mutirões para minimizar o prejuízo anual de aproximadamente R$ 450 milhões com o furto de energia.
De acordo com o engenheiro de Controle de Perdas da Cemig, Saad do Carmo, costuma-se vincular erroneamente ligações irregulares e clandestinas à população de baixa renda e a moradores da periferia.
“A prática permeia todas as classes sociais. É uma questão de cultura e estamos tentando combater isso. O prejuízo é rateado entre a Cemig Distribuição e todos os consumidores adimplentes, aumentando os custos da distribuidora e encarecendo a tarifa para aqueles que usam a energia de maneira honesta”, afirma Saad.
Ainda segundo o engenheiro, a tarifa dos consumidores mineiros poderia ser até 5% mais barata se não houvesse ligações irregulares e clandestinas na área de concessão da Cemig. Por isso, a companhia investe em operações e possui, ainda, um centro de inteligência que monitora o consumo de todos os clientes em tempo real.
“Acompanhamos o consumo das cerca de 8,5 milhões de unidades consumidoras e, além de fazer a rotina diária de inspeções através dessas avaliações de consumo, realizamos mutirões em todos o estado. Temos encontrado muitas irregularidades e, ao corrigi-las, conseguimos preservar a receita da companhia”, destaca Saad.
O consumidor também pode auxiliar a companhia no combate ao furto de energia, denunciando irregularidades. Essas denúncias são feitas de forma anônima pelo telefone 116.
Inspeção laboratorial do medidor
Ao identificar uma suspeita de irregularidade, o eletricista da Cemig retira o medidor da unidade consumidora e lacra o aparelho. Logo depois, ele instala um novo equipamento e envia o antigo aparelho para o laboratório da companhia, que é certificado pelo Inmetro. Lá, é feita uma análise detalhada para identificar possíveis fraudes e adulterações no medidor. Segundo Saad do Carmo, o cliente pode acompanhar todo o processo de inspeção.
Caso seja confirmada a irregularidade pela Cemig, o titular da unidade consumidora pode responder criminalmente, já que o ato é crime previsto no artigo 155 do Código Penal e estipula multa e pena de um a oito anos de reclusão, além da obrigação de ressarcimento de toda a energia furtada e não faturada em até 36 meses, de forma retroativa.
“Além da sobrecarga na rede elétrica, as ligações irregulares podem causar graves acidentes e danos aos equipamentos elétricos e queda na qualidade da energia. Vale lembrar, ainda, que várias ocorrências de rompimento de fios e queima de transformadores são registradas devido a essa prática criminosa”, finaliza Saad.
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