No início de junho, Agência Nacional de Águas declarou cenário crítico em cinco estados, entre ele, parte de MG. apesar disso, autarquia informou que região do município não é abrangida pelo alerta. Climatologista explica que período chuvoso será crítico, por isso, é importante economizar.
No início de junho, a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação crítica de escassez hídrica em áreas de cinco estados, entre eles, parte de Minas Gerais. Para saber se a medida afetaria Juiz de Fora, em contato com a autarquia federal, a mesma informou que o município fica na Região Hidrográfica Atlântico Sudeste e que não é abrangida pelo alerta.
Apesar disso, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Votorantim Energia acompanham a situação das hidrelétricas que cortam a cidade. Já a Companhia de Saneamento Municipal (Cesama), os reservatórios. De acordo com o governo federal, o último período chuvoso, que acabou em abril deste ano, foi o mais seco em 91 anos no Brasil. Para saber também como está o cenário de chuva na região, a reportagem conversou com o climatologista Ruibran dos Reis.
Veja abaixo a situação de Juiz de Fora, bem como a previsão do tempo para os próximos meses e como a crise pode afetar a conta da energia elétrica.
Situação das hidrelétricas
Juiz de Fora integra a bacia do Médio Paraibuna, pertencente ao Rio Paraíba do Sul, e seu perímetro urbano é drenado por 156 sub-bacias de diversas dimensões.
A bacia representa 2,21% do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, monitorado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Até a última atualização, feita no sábado (5), a bacia estava com 46,87% do volume útil atual.
A Cemig informou que Juiz de Fora está próxima de três usinas de pequeno porte da companhia. No entanto, elas não têm poder de regularização de vazões.
As usinas hidrelétricas (UHEs) Joasal, Marmelos e Paciência estão instaladas no Rio Paraibuna e possuem reservatórios de 70.000 m³, 60.000 m³ e 360.000 m³ de volume total, respectivamente.
"Todavia, mesmo com um cenário de vazões ruins, os reservatórios das pequenas centrais hidrelétricas em questão não tem capacidade de armazenamento para ser utilizado no período de secas", informou a Cemig em nota enviada.
Conforme a Cemig, o órgão acompanha o cenário de estiagem nas rotinas operacionais e os reservatórios de regularização – os que acumulam água – como as UHEs Três Marias, Camargos, Nova Ponte e Emborcação.
A companhia ainda destacou que "que não há relação direta do armazenamento das usinas instaladas perto do município e o suprimento energético da região, dado que o setor elétrico brasileiro tem um sistema interligado de transmissão de energia - o que é gerado nas usinas de todo país é dividido para todas as regiões - que garante as condições de geração necessárias para atender o consumo local".
Ainda próximo de Juiz de Fora, existe a UHE da Picada, que é de responsabilidade da Votorantim Energia. Em nota, a empresa informou que a mesma é “uma usina de fio d’água, ou seja, que utiliza o reservatório para acumulação de água suficiente apenas para prover geração com a afluência que já existe”.
“Ela não é uma usina que ‘mantém o reservatório cheio para gerar energia’, mas aproveita a água que chega e deflui (solta) no rio. A geração da UHE Picada é controlada pelo ONS/Operador Nacional do Sistema Elétrico e vem trabalhando com as previsões de baixa precipitação de chuvas na região Sudeste, assim ele é quem despacha (autoriza) a geração conforme a necessidade do Sistema Interligado Nacional”, finalizou a Votorantim Energia.
Situação dos reservatórios
A reportagem também analisou a situação dos reservatórios de água em Juiz de Fora para saber se foram afetados com a crise hídrica. A Cesama afirmou à reportagem que realiza o monitoramento dos mananciais de abastecimento diariamente e, no momento, os níveis estão dentro do esperado para esta época do ano.
Veja abaixo em gráficos como está a situação dos três reservatórios do município:
Situação dos reservatórios
Tempo mais seco em 91 anos
O último período chuvoso foi o mais seco em 91 anos no Brasil. Em Minas Gerais, a situação não é diferente, conforme o climatologista Ruibran dos Reis.
“Esse último período chuvoso foi muito ruim em Minas Gerais. Só tivemos chuvas significativas no mês de fevereiro. Então, em novembro e dezembro do ano passado não choveu nada, igualmente em janeiro e, por isso, os níveis dos reservatórios estão baixos. Não devemos esperar chuvas até setembro”, analisou.
Segundo Ruibran, o período seco em Minas Gerais, principalmente na Zona da Mata, começa em maio e termina em setembro. Já as chuvas mais significativas, que são aquelas para encher reservatórios, em novembro, dezembro e janeiro.
"Neste ano estamos esperando que a estação chuvosa chegue mais tarde. As chuvas do fim de outubro e início de novembro vão ser mais para saturar o solo", finalizou o especialista que acrescentou que as precipitações para encher os reservatórios serão para meados de novembro e a situação deste ano será bem crítica.
Escassez hídrica em áreas de cinco estados
Gráfico no alerta emitido pelo SNM mostra previsão de chuvas abaixo da média na bacia do Rio Paraná — Foto: Divulgação
No dia 1º de junho, a Agência Nacional de Águas declarou situação crítica de escassez de recursos hídricos na Região Hidrográfica do Paraná, que abrange parte dos territórios de cinco estados (GO, MG, MS, PR e SP). A medida foi tomada após pedido do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).
No fim de maio, o comitê emitiu um alerta e abriu caminho para que fossem tomadas medidas que evitassem um racionamento de energia até outubro, período de poucas chuvas e de seca mais severa na região Sudeste e Centro-Oeste. De acordo com resolução da ANA, órgão poderá definir condições transitórias para a operação de reservatórios ou sistemas hídricos específicos, inclusive com a possibilidade de alterar temporariamente condições definidas em outorgas de direito de uso de recursos hídricos.
Também em maio, o Governo Federal criou uma sala de crise e deu início à discussão de um plano de ações para preservar água nos reservatórios das principais hidrelétricas no país.
Conta de luz
Imagem de arquivo mostra conta de luz da Cemig — Foto: Prefeitura de Bom Despacho/Divulgação Por causa da escassez de recursos hídricos, o nível dos reservatórios das principais hidrelétricas do país está baixo. Para tentar minimizar o problema, o governo precisa acionar mais usinas termelétricas a fim de garantir o fornecimento de energia.
Essa medida permite reduzir a geração hidrelétrica e, consequentemente, poupar água dos reservatórios. Entretanto, a energia termelétrica é mais cara, e o aumento do uso pode refletir nas tarifas das contas de luz.
Em Minas Gerais, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu manter a conta de luz sem reajuste pelo segundo ano consecutivo, mas apesar disso, é importante ficar atento para economizar.
De acordo com o engenheiro de Eficiência Energética Thiago Batista, da Cemig, neste fim de outono, quando as temperaturas estão mais baixas em Minas Gerais, os clientes devem ter uma atenção especial ao chuveiro elétrico.
Em função da elevada potência, esse equipamento pode representar até 30% da fatura de energia.
“O consumo de energia depende de duas variáveis: da potência do equipamento (medida em watts) e do tempo de utilização. Como está mais frio e as pessoas tendem a utilizar o chuveiro em sua potência máxima, a melhor forma de economizar é reduzindo o tempo de banho. Como o consumo deste equipamento é muito representativo, uma redução no tempo de uso trará uma economia significativa”, ponderou.
Thiago Batista também destacou que os clientes devem avaliar a possibilidade de instalação de um sistema de aquecimento solar, uma vez que o custo desse tipo de equipamento pode se pagar em pouco tempo com a redução do consumo de energia pelo chuveiro elétrico.
Além disso, outro equipamento que merece atenção é a geladeira. Geralmente ele é o segundo material que mais consome energia em uma residência.
“É muito importante lembrar que alimentos ainda quentes não devem ser armazenados no eletrodoméstico, pois isso sobrecarrega o aparelho e consequentemente aumenta o consumo. Cuidados como esses podem colaborar para a economia no final do mês", reforçou.
Para as famílias que estão de home office, o cuidado deve ser redobrado. Segundo o especialista, ao se ausentar por curto período de tempo, o monitor deve ser desligado. Outros componentes, como impressoras e caixas de som também devem ficar desligados, quando aparelho não estiver sendo utilizado. Por Caroline Delgado
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