FAQ: Porque o litoral paulista teve maior volume de chuva registrado no Brasil em tão pouco tempo?

Por que choveu tanto no litoral norte de SP em tão pouco tempo?

O volume histórico de chuva registrado durante o fim de semana de Carnaval no litoral norte de São Paulo, que deixou um rastro de morte e destruição nas cidades costeiras, foi provocado por um fenômeno climático potencializado pela mudança climática. De acordo com meteorologistas, os temporais registrados no fim de semana foram causados por uma frente fria estacionária, que parou sobre o litoral paulista após avançar do Sul do país. Depois de perder velocidade e sob a influência de ventos que partiram do oceano carregados de grande quantidade de umidade, ocorreu o temporal.

Por que os temporais se tornaram os maiores registrados na História do Brasil?

De acordo com o Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden), as chuvas que caíram no último sábado e domingo resultaram no acumulado de 682 mm em Bertioga e 626 mm em São Sebastião, maiores valores acumulados já registrados no país. Antes, o recorde histórico tinha sido computado em Petrópolis, no Rio de Janeiro, quando a cidade foi castigada com uma chuva de 530 milímetros em 24 horas, na tragédia que vitimou 241 pessoas no ano passado. No litoral paulista, também foi registrado durante o fim de semana um acumulado de 337 mm em Ilhabela, 335 mm em Ubatuba e 234 mm em Caraguatatuba.

Por que houve risco de tempestades novamente nesta terça-feira, 21?

Segundo o Climatempo, há risco para tempestades no oeste, norte e faixa leste de São Paulo nesta terça-feira, 21, incluindo na capital paulista e no litoral novamente. "A chuva prevista já não é tão expressiva quanto a que ocorreu no final de semana, contudo as áreas que cederam ainda estão bastante vulneráveis e por isso ainda preocupam, além disso, os temporais podem atrapalhar o trabalho das equipes de buscas", publicou o instituto.

Como as mudanças climáticas podem ter contribuído para o fenômeno? De acordo com os cientistas, o fenômeno climático de proporções históricas foi potencializado pelo aquecimento global provocado pela ação humana na atmosfera. O aumento das temperaturas nos oceanos e o aumento da umidade contribuíram para a tragédia. "Quando a temperatura do oceano passa dos 26ºC, 27ºC, a evaporação aumenta exponencialmente. E o vapor da água é o principal fator da formação das nuvens e das chuvas, principalmente em regiões costeiras", explicou Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Segundo Nobre, as águas do litoral de São Paulo estavam entre 27ºC e 28ºC —1 grau acima da média.

Editorial: Diante das consequências catastróficas das chuvas históricas que atingiram o litoral norte de São Paulo durante o Carnaval, é necessário refletir sobre a urgência de medidas de prevenção e mitigação dos impactos das mudanças climáticas. Como apontam os especialistas, o aquecimento global causado pela ação humana na atmosfera tem potencializado a intensidade e frequência de fenômenos climáticos extremos, como os temporais que assolaram a região litorânea. É imprescindível que a sociedade, o governo e as empresas atuem de forma conjunta para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, bem como para implementar políticas e tecnologias que aumentem a resiliência das cidades e das populações diante das mudanças climáticas.

Além disso, é crucial que as ações de prevenção e resposta aos desastres naturais sejam fortalecidas e ampliadas, visando proteger a vida e o patrimônio das comunidades afetadas. Isso inclui desde o investimento em infraestrutura de drenagem e contenção de enchentes até a capacitação de equipes de emergência e a elaboração de planos de evacuação e realocação de pessoas em áreas de risco. A tragédia no litoral paulista serve como um alerta para a urgência de medidas concretas e efetivas de enfrentamento das mudanças climáticas e seus impactos, que afetam não apenas uma região específica, mas todo o planeta e as gerações futuras. É preciso agir agora para evitar que mais vidas sejam perdidas e mais danos irreversíveis sejam causados à natureza e à sociedade. Por | Alex Ferreira Jornalista Inclusivo