Jornal Carangola

23 de ago de 20213 min

Faculdades de Belo Horizonte não retomam aulas presenciais, apesar de autorizadas

Ensino superior pode retomar inclusive aulas teóricas a partir desta segunda-feira (23), mas, segundo sindicato, nenhuma universidade particular voltou a oferecê-las até agora

Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, que funciona no mesmo local do antigo colégio, se prepara para retorno das aulas teóricas presenciais

Todas as aulas presenciais do ensino superior estão autorizadas a retornar a partir desta segunda-feira (23) em Belo Horizonte, após interrupção desde março de 2020 — até agora, apenas as aulas práticas e de laboratório estavam funcionando presencialmente. Mesmo assim, nenhuma das universidades privadas da cidade retomou o ensino presencial no começo desta semana, de acordo com o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep/MG).

“O retorno não é fácil para as universidades. No ensino fundamental, por exemplo, o aluno de determinado ano fica na mesma sala de aula, no mesmo espaço, sem rotatividade. Mas, em uma universidade, existe muita troca de sala, alunos do segundo período fazem matéria do primeiro, existe muito trânsito de pessoas e aglomerações em determinados horários, pelo número de alunos que as faculdades recebem”, avalia a presidente do Sinep/MG, Zuleica Reis.

No Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, por exemplo, ainda não há data para o retorno das aulas presenciais e o assunto será discutido pelo comitê de enfrentamento à pandemia da universidade, explica o reitor Luciano Sathler. “Não é um retorno simples. Os protocolos da prefeitura pedem que se evite cruzamento de fluxo, por exemplo, mas em um campus universitário é difícil determinar onde um aluno deveria estar ou não. O campus do Izabela ocupa um quarteirão. Os protocolos também pedem para adaptar o horário dos professores para que ele deem aulas por menos dias na faculdade. Mas, muitas vezes, eles dão aula em mais de um lugar. Professores que dão aula em duas faculdades, por exemplo, podem ter contato com 800 pessoas em uma semana. Não é como no ensino básico, em que às vezes o professor tem contato com só uma turma de 30 alunos”, detalha.

Já a Faculdade Arnaldo decidiu retomar as aulas em duas semanas, no dia 6 de setembro. “Vamos usar esse tempo para o planejamento e todos os cursos retornarão com apenas algumas disciplinas por período, para irmos testando o funcionando dos protocolos. As aulas presenciais serão transmitidas ao vivo para os alunos que não se sentirem à vontade de voltar à sala de aula”, detalha o diretor da faculdade, João Guilherme Porto.

Na Puc Minas, as aulas teóricas continuarão em regime remoto até o final do ano, já que o semestre letivo se encaminha para o final, explica a gestão da universidade. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) reforça que só voltará a ter aulas presenciais para todos os cursos no dia 13 de outubro.

Matrículas diminuem e faculdades lançam auxílios para manter estudantes

Como ocorreu com as escolas do ensino básico, as finanças das faculdades privadas também têm sido afetadas durante a pandemia, aponta a presidente do Sinep/MG, Zuleica Reis. “Houve queda nas novas matrículas das universidades em 2021, com projeção de 8,9% a 10% menos de inscrições, e desistência de alunos, até por questões financeiras”, avalia.

O diretor da Faculdade Arnaldo, João Guilherme Porto, detalha que cerca de 30% dos estudantes matriculados nos cursos precisaram de algum suporte financeiro na universidade para continuar estudante durante a pandemia. Um dos programas da instituição permitiu que alunos que perderam o emprego durante a crise sanitária se mantivessem estudando até o final do semestre sem pagar as mensalidades. “Esperamos que as coisas se regularizem no próximo semestre, mas entendemos que os impactos financeiros da pandemia tendem a durar algum tempo”, pondera.

No Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, a evasão de estudantes manteve-se nos níveis habituais, segundo o reitor Luciano Sathler, mas o número de novas matrículas caiu. “Houve cerca de 30% a menos de matrículas novas. Os processos seletivos têm sido muito fracos no setor desde o começo da pandemia. As pessoas estão adiando o sonho de fazer o ensino superior”, diz.