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Carangola,11/05/2025

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CCJ do Senado adia votação sobre fim da reeleição para presidente

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CCJ do Senado adia votação sobre fim da reeleição para presidente

Fim da Reeleição: CCJ do Senado Adia Votação da PEC que Redesenha o Sistema Político Brasileiro


Proposta também amplia mandatos e antecipa início das novas regras para 2030


A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado adiou, nesta quarta-feira (7), a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que extingue a reeleição para os cargos de presidente da República, governadores e prefeitos. O adiamento ocorreu após pedido de vista de alguns senadores, sinalizando que o debate ainda está longe do consenso. A expectativa é de que o tema volte à pauta já na próxima semana.


O relator da proposta, senador Marcelo Castro (MDB-PI), apresentou novo parecer reduzindo o prazo de transição da nova regra: em vez de 2034, a proibição à reeleição passaria a valer já a partir de 2030. A medida foi uma resposta às críticas de que a transição anterior era "excessivamente longa" e poderia ser usada como instrumento político para preservar interesses pessoais ou partidários.




O que muda com a PEC


A proposta altera profundamente a dinâmica político-eleitoral brasileira. Seus principais pontos são:




  1. Extinção da reeleição para todos os cargos do Poder Executivo (presidente, governadores e prefeitos).




  2. Aumento da duração dos mandatos:




    • Chefes do Executivo, deputados federais, estaduais e vereadores: de 4 para 5 anos.




    • Senadores: de 8 para 10 anos.






O fim da reeleição é um tema antigo no debate político nacional, especialmente após as consequências observadas nas últimas décadas com a consolidação de projetos de poder personalistas, muitas vezes à custa da alternância saudável no comando das instituições.




Análise jurídica: reeleição, cláusulas pétreas e sistema de freios e contrapesos


Do ponto de vista constitucional, não há impedimento para o fim da reeleição, já que esta não está protegida por cláusula pétrea. A possibilidade de reeleição foi introduzida em 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, através de outra PEC, e desde então passou a integrar a lógica eleitoral nacional.


No entanto, o aumento de mandatos e a extinção da reeleição devem ser avaliados com cautela quanto aos efeitos sobre o equilíbrio federativo e o princípio da representatividade, pois um ciclo de cinco ou dez anos sem possibilidade de reeleição pode reduzir o controle democrático popular sobre representantes com desempenho abaixo do esperado.




Implicações políticas e institucionais


A PEC é, de fato, uma proposta estrutural de reforma política, ainda que pontual. Seus desdobramentos possíveis incluem:


Pontos positivos:




  • Redução de abusos da máquina pública durante campanhas de reeleição.




  • Incentivo à governança de resultados, em vez de políticas de curto prazo com fins eleitorais.




  • Estímulo à renovação política, evitando perpetuação no poder.




  • Fortalecimento de partidos e coalizões programáticas, em detrimento de projetos personalistas.




⚠️ Riscos e desafios:




  • Mandatos mais longos sem reeleição podem gerar governos ineficazes ou desconectados da vontade popular, com menos possibilidade de correção democrática.




  • Aumento de instabilidade partidária, especialmente nos parlamentos, se não for acompanhado por reforma no sistema eleitoral e partidário.




  • Possível surgimento de formas indiretas de perpetuação, como uso de “candidatos-laranja” ou herdeiros políticos.






Reflexão histórica: lições do passado e do presente


A experiência brasileira com a reeleição é relativamente recente. Antes de 1997, a regra era um único mandato sem recondução — o que se aproxima da proposta atual. Nos últimos 25 anos, observou-se que a reeleição favorece quem está no poder, que tende a ter maior visibilidade, acesso à máquina estatal e influência sobre alianças políticas.


Por outro lado, a ameaça de não reeleição sempre foi um mecanismo poderoso de controle indireto da população sobre a performance dos governantes. Em países como os EUA, por exemplo, há reeleição, mas limitada a dois mandatos para presidente — com forte institucionalidade para evitar abusos.


A proposta brasileira caminha mais na linha de países como o México, onde não há reeleição presidencial e os mandatos são de seis anos (sexênio), ou da França pré-2000, que também previa mandatos longos com poucas possibilidades de recondução.




Caminhos para um debate mais profundo


Se a PEC pretende de fato reformar o sistema político brasileiro, ela não pode caminhar sozinha. Para ter eficácia e legitimidade, é fundamental:




  1. Associá-la a uma reforma partidária, que fortaleça legendas ideológicas e reduza a fragmentação.




  2. Promover uma reforma eleitoral complementar, discutindo temas como voto distrital, fidelidade partidária, cláusula de barreira e financiamento de campanha.




  3. Garantir mecanismos de accountability, transparência e participação popular ao longo dos mandatos ampliados.






O que podemos concluir?


O adiamento da votação da PEC que extingue a reeleição mostra que o tema ainda precisa de amadurecimento político e jurídico. Apesar de representar um avanço no combate ao uso indevido da máquina pública para fins pessoais, a proposta levanta desafios que não podem ser ignorados: como garantir governança, renovação e controle democrático sem a ameaça da não reeleição?


Este é um momento de inflexão institucional. Trata-se não apenas de mudar regras eleitorais, mas de redesenhar o pacto político brasileiro. Isso exige coragem, mas sobretudo sabedoria, para não trocar um vício antigo por um novo problema.



































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