20 anos do Mensalão: escândalo que marcou o governo Lula ainda ecoa na política brasileira

Em 6 de junho de 2005, uma reportagem exclusiva da Folha de S.Paulo com o então deputado Roberto Jefferson deflagrava um dos capítulos mais sombrios da democracia brasileira: o Mensalão. A acusação de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pagava mensalmente parlamentares em troca de apoio político desencadeou uma crise institucional sem precedentes, revelando um sofisticado esquema de corrupção envolvendo nomes como José Dirceu e Delúbio Soares.

A resposta imediata foi a criação da CPI dos Correios, que ampliou o alcance das investigações e trouxe à luz uma rede de favorecimentos e caixa dois. Em meio à tensão, o então ministro José Dirceu teve seu mandato cassado, mas retornou à Câmara dos Deputados em tentativa de se defender politicamente, negando envolvimento com recursos ilícitos.

O publicitário Marcos Valério, identificado como operador do esquema, também negou as acusações, mesmo diante de evidências crescentes de envolvimento no financiamento irregular de campanhas.

A situação atingiu níveis surreais quando um assessor do deputado José Guimarães foi flagrado com dólares escondidos na cueca — um episódio que marcou o imaginário coletivo e levou o presidente Lula a pedir desculpas públicas.

Em 2007, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu processo contra 40 denunciados. O histórico julgamento, transmitido ao vivo para todo o país, resultou em 24 condenações e 13 absolvições. O caso consolidou o Mensalão como símbolo da promiscuidade entre Executivo e Legislativo e das falhas sistêmicas no combate à corrupção no Brasil.

Passadas duas décadas, o Mensalão ainda desperta debates sobre ética, impunidade e poder. O que aprendemos — ou escolhemos esquecer?

Fonte: Jovem Pan, com informações de Thiago Uberreich