Tiroteio durante festa junina no Rio termina com jovem morto e cinco feridos no Morro do Santo Amaro

Comunidade denuncia violência excessiva durante operação do BOPE em evento cultural tradicional no Catete

Na noite de sexta-feira (6) e madrugada de sábado (7), um tiroteio durante uma ação do BOPE no Morro do Santo Amaro, no bairro Catete, zona sul do Rio, interrompeu uma festa junina comunitária e deixou um saldo trágico: um jovem morto e cinco pessoas feridas.

A vítima fatal foi identificada como Herus Guimarães Mendes da Conceição. Ele foi levado em estado gravíssimo ao Hospital Glória D’Or, onde não resistiu aos ferimentos, mesmo após manobras intensivas de ressuscitação.

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram o momento em que os tiros eclodiram em meio a danças típicas, forró e fogueiras acesas. “Muita gente ferida e em pânico”, relatou uma testemunha. Outro morador destacou: “Não era baile funk, era festa junina. Não havia ostentação nem apologia ao crime. Era cultura popular”.

Veja o vídeo da tragédia:

Para muitos moradores, o episódio escancara um conflito psicológico crônico: o medo incorporado ao cotidiano e a perda progressiva de espaços de pertencimento e cultura. A festa junina, expressão ancestral de identidade coletiva, foi atravessada pela violência — provocando traumas que vão além do físico.

Em nota, a Polícia Civil informou que investiga os desdobramentos da ação e a morte do jovem. Até o momento, não foram divulgadas as causas específicas do confronto nem evidências de troca de tiros com criminosos no evento.

A dor como linguagem do abandono

Esse episódio é mais do que uma ocorrência policial: ele traduz um embate existencial entre a esperança e o descaso. O que acontece quando a tentativa de manter viva a tradição se choca com a força do Estado armado? As balas atingem também os sonhos, a ancestralidade e a dignidade.

Enquanto a comunidade pede paz, o episódio reacende debates sobre políticas públicas, inteligência policial, segurança comunitária e direitos humanos. É hora de refletir, ouvir e agir com empatia e estratégia. Porque toda vez que a cultura é calada pelo medo, a sociedade retrocede um passo no seu próprio desenvolvimento.