Estudo realizado pela equipe do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz) mostra que, na prática, a população se move em busca de atendimento por Covid-19 de acordo com critérios de proximidade e disponibilidade de unidades de saúde, independentemente das fronteiras das Macrorregiões de Saúde desenhadas e previstas no planejamento dos 26 estados e do Distrito Federal. E aponta que essa dinâmica exige a integração de políticas de combate à Covid-19 entre municípios que compartilham uma mesma rede de atendimento.
Publicadas na nota técnica Redes de Atenção à Saúde para Covid-19 e os desafios das esferas governamentais: Macrorregiões de Saúde e a curva que devemos ‘achatar’ "CLIQUE AQUI" para ver a íntegra, as conclusões do estudo indicam que políticas decididas unilateralmente por um município não levam em conta o fluxo de pacientes de outras cidades que podem utilizar sua rede de atendimento à Covid-19. Isso seja como “importadores de casos graves”, por possuírem hospitais especializados, seja como “exportadores”, quando é necessário buscar a atenção especializada fora do município.
Só 13% de municípios têm capacidade de atendimento em UTI
“Esses números apontam que decisões isoladas em alguns municípios podem, além de trazer o aumento de casos localmente, provocar a ocupação dos leitos compartilhados dentro dessa rede de atenção à saúde, deixando toda a população dessa rede sem atendimento e, consequentemente, demandando atendimento para as redes vizinhas. Fica demonstrada nessa abordagem a importância de decisões compartilhadas e coordenadas entre as diferentes esferas governamentais”, diz o estudo, em sua conclusão.
Usando dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), entre outros, a nota técnica do sistema Monitora Covid-19 mostra que apenas 741 (13%) dos 5.570 municípios brasileiros apresentam capacidade de atendimento em UTI para pacientes com Covid-19. Além disso, pouco menos de um quinto (1.029) dos municípios conseguiu atender a mais de 10% dos casos de residentes que demandaram atendimento em UTI.
“O deslocamento intermunicipal de pessoas para a utilização de serviços públicos ou conveniados ao SUS precisa ser levado em conta na configuração das Regiões de Saúde. Nesse estudo, usamos a teoria dos grafos e algoritmos de classificação que consideram modularidade, de forma a identificar a conformidade das Regiões de Saúde atuais com o uso efetivo dos serviços hospitalares em nível nacional. É uma metodologia que os municípios podem utilizar”, explica Diego Xavier, epidemiologista do Icict e um dos autores do estudo.
Por Icict/Fiocruz
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