Ele é capaz de provocar doenças com sintomas como dores intensas nas articulações, que se prolongam por meses
Uma nova ameaça à saúde pública assombra o estado do Rio: cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram que um vÃrus com sintomas semelhantes ao chicungunha pode provocar uma epidemia no Sudeste. Ambos têm caracterÃsticas semelhantes, como intensas e incapacitantes dores nas articulações, que se prolongam por meses. Não há vacina ou qualquer tratamento especÃfico.
Testes de laboratório mostraram que o vÃrus pode ser transmitido tanto pelo Aedes quanto pelo pernilongo comum (C ulex ), o que potencializa o risco de epidemia, destaca AmÃlcar Tanuri, coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, onde o estudo foi realizado.
Confundido com o chicungunha, o mayaro está no Rio desde 2016. E a gravidade da descoberta é que os casos são autóctones. Isto é, as pessoas foram infectadas aqui, não viajaram para regiões endêmicas. Até agora, são conhecidos três casos, todos de Niterói.
O que é Febre do Mayaro?
A Febre do Mayaro é uma doença infecciosa febril aguda causada por um arbovÃrus (mosquitos), assim como Dengue, Zika e Chikungunya. Normalmente, após uma ou duas semanas, o paciente se recupera completamente da febre do Mayaro. O vÃrus Mayaro (MAYV) é um arbovÃrus da famÃlia Togaviridae, gênero Alphavirus, cujo vetor principal é o mosquito Haemagogus, que vive em habitats mais silvestres, como as florestas ou matas fechadas.
Essa espécie de mosquito costuma ficar na copa das árvores e picar macacos e pássaros, que são os hospedeiros primários da doença nesse ecossistema. No entanto, quando alguma pessoa entra na mata, principalmente entre 9h e 16h, horário em que o mosquito está mais ativo, ela também pode ser picada e contrair a doença.
O vÃrus Mayaro foi isolado pela primeira vez em Trinidad, em 1954, e o primeiro surto no Brasil foi descrito em 1955, à s margens do rio Guamá, próximo de Belém/PA. Desde então, casos esporádicos e surtos localizados têm sido registrados nas Américas, incluindo a região Amazônica do Brasil, principalmente nos estados das regiões Norte e Centro-Oeste.Â
O vÃrus Mayaro foi isolado em lagartos, primatas não humanos (PNH) e aves migratórias nos Estados Unidos. Foram detectados anticorpos em primatas, xenarthras (preguiças, tamanduás e tatus), marsupiais, roedores, carnÃvoros e aves.
Como ocorre a transmissão da Febre do Mayaro?
O vÃrus da Febre do Mayaro é transmitido por meio da picada de mosquitos silvestres, principalmente os Haemagogus janthinomys, que vivem em matas e vegetações à beira dos rios, onde há presença de macacos. Quando o mosquito pica um macaco doente, este primata adquire o vÃrus e, depois de um ciclo em seu organismo, torna-se capaz de transmitir o vÃrus a outros macacos e ao ser humano.
Após a picada do mosquito infectado, os sintomas iniciam geralmente de 1 a 3 dias após a infecção. Esse tempo pode variar de pessoa a pessoa, dependendo da imunidade individual, quantidade de partÃculas virais inoculadas e cepa viral, entre de outros fatores.
Assim como a febre amarela, a doença pelo vÃrus Mayaro é considerada uma zoonose silvestre e, portanto, de impossÃvel eliminação. O homem é considerado um hospedeiro acidental, quando invade o habitat natural de hospedeiros, reservatórios e vetores silvestres, infectados. Em estudos de laboratório foi demonstrada competência de vetores urbanos (incluindo o Aedes aegypti) em transmitir o vÃrus.
Quais são os sintomas da Febre do Mayaro?
As manifestações clÃnicas da febre do Mayaro, ou seja, os sintomas da doença, são semelhantes à s de infecções por outros arbovÃrus:
Iniciam-se com quadro febril agudo inespecÃfico, semelhante à dengue;
cefaleia (dor de cabeça);
mialgia (dor muscular);
dor nas articulações;
inchaço nas articulações;
manchas no corpo.
No entanto, na maioria dos casos a doença é autolimitada, com o desaparecimento natural dos sintomas em uma semana.Â
Depois de identificar alguns desses sintomas, é preciso procurar um médico na unidade de saúde mais próxima e informar sobre residência, trabalho, passeio ou qualquer viagem para áreas rurais, de mata ou silvestre, nos últimos 15 dias antes do inÃcio dos sintomas.
Também é importante informar se, no local visitado recentemente, foi observada a presença de macacos, sadios ou doentes. Além disso, é aconselhado relatar as atividades realizadas e o uso de repelentes e roupas protetoras a picadas de insetos.Â
Em alguns casos, o vÃrus da Febre do Mayaro pode provocar o desenvolvimento de complicações neurológicas, como encefalites, SÃndrome de Guillain Barré e outras doenças neurológicas.
Como é feito o diagnóstico da Febre do Mayaro?
O diagnóstico da Febre do Mayaro é feito, primeiramente, na avaliação clÃnica do paciente, com base nos sintomas, e no histórico de onde esteve e o que fez nos últimos 15 dias.Â
Depois disso, o médico pode pedir exames especÃficos para identificar o vÃrus e fechar o diagnóstico, tendo em vista que os sinais são muito parecidos com os de outras arboviroses, como Chikungunya. Os principais exames para fechar o diagnóstico da Febre do Mayaro são:
Exame de sangue.
Isolamento do vÃrus.
Hemaglutinação.
Soroneutralização.
Imunoflorescência.
Testes moleculares.
Como é feito o tratamento da Febre do Mayaro?
Não há tratamento especÃfico contra a febre do Mayaro. O médico deve tratar os sintomas, como dores no corpo e cabeça, com analgésicos e antitérmicos. Medicamentos salicilatos devem ser evitados (AAS e Aspirina), já que o uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas.
O médico deve estar alerta para quaisquer indicações de um agravamento do quadro clÃnico. Os pacientes devem permanecer em repouso e em tratamento sintomático, com analgésicos e/ou drogas anti-inflamatórias - que podem proporcionar alÃvio da dor e febre.
Repouso e consumo de bastante água também são fundamentais durante a recuperação.
Importante: Somente um médico é capaz de diagnosticar e tratar corretamente a doença.
Como prevenir a Febre do Mayaro?
Considerando que atualmente não existem vacinas disponÃveis no mercado, a única forma de minimizar o risco da febre de Mayaro é evitar exposição com corpo desprotegido em locais de mata e beira de rios, principalmente nos horários de maior atividade do vetor (entre 9 e 16 horas).
Também é indicado utilizar roupas compridas, que minimizem a exposição aos vetores silvestres, preferencialmente acompanhado do uso de repelentes. Cuidado adicional deve ser tomado nas áreas com ocorrência recente de transmissão do vÃrus Mayaro, como registrado recentemente em municÃpios de Goiás, Tocantins e no Pará, entre 2014 e 2016.
Além disso, o vÃrus Mayaro é considerado endêmico na região Amazônica, que envolve os estados da região Norte e Centro Oeste. O vÃrus ocorre em área de mata, rural ou silvestre e geralmente afeta indivÃduos susceptÃveis que adentram espaços onde macacos e vetores silvestres ocorrem.
Dessa forma, recomenda-se:
evitar exposição em áreas de mata sobretudo desprotegido, durante o perÃodo de maior atividade do mosquito transmissor da doença;
uso de roupas cumpridas e repelentes podem ajudar a evitar contato com o vetor silvestre e diminuir o risco de infecção;
uso de cortinas; mosquiteiros, principalmente em área rural e silvestre;
evitar exposição em área afetada.
Viajantes e a Febre do Mayaro
O vÃrus Mayaro é considerado endêmico na região Amazônica, que envolve os estados da região Norte e Centro Oeste. O vÃrus ocorre em área de mata, rural ou silvestre e geralmente afeta indivÃduos susceptÃveis que adentram espaços onde macacos e vetores silvestres ocorrem.
Considerado que o horário de maior atividade do principal vetor (Haemagogus Jantinomys) se dá entre 9 e 16 horas, recomenda-se evitar exposição em áreas de mata sobretudo desprotegido, durante esse perÃodo.
Uso de roupas cumpridas e uso de repelentes podem ajudar para evitar o contato com o vetor silvestre e diminuir o risco de infecção por Febre do Mayaro. Cuidado especial deve ser observado em áreas recentemente afetadas do estado de Goiás, Tocantins e Pará, onde casos humanos foram confirmados em meados de 2014-2015 Dados: Ministério da Saúde