Com juros altos, consórcio cresce como alternativa ao crédito na Agrishow
Juros altos mudam perfil de compra na Agrishow: produtores recorrem a consórcios e evitam financiamentos

Mesmo com safra recorde e commodities em alta, alta dos juros freia crédito rural tradicional e força mudança de estratégia entre agroempresários
Alta dos juros redireciona decisões estratégicas no agronegócio
A Agrishow 2025, uma das maiores feiras de tecnologia agrícola da América Latina, revelou uma tendência clara: produtores rurais estão evitando os financiamentos bancários tradicionais para adquirir maquinário e equipamentos. A alta dos juros, que pressiona os custos do crédito rural, levou os empresários do campo a optarem por modelos alternativos como consórcios, leasing e negociações diretas com fabricantes.
Commodities em alta sustentam fôlego financeiro do setor
Apesar do cenário de juros elevados, os produtores chegaram à feira em Ribeirão Preto capitalizados. Uma safra recorde de grãos e a valorização significativa de commodities como café e laranja deram novo fôlego à liquidez do agronegócio. Essa combinação permitiu que muitos agricultores mantivessem o apetite por renovação da frota e ampliação da infraestrutura, mas com um novo perfil de investimento: menos bancarizado e mais autônomo.
Segundo especialistas do setor, o consórcio se tornou a principal alternativa para aquisição de tratores, pulverizadores e colheitadeiras. Diferente do crédito com taxas fixadas por bancos ou programas públicos, o consórcio oferece parcelamentos sem juros, embora com prazos mais longos. Essa solução passou a ser considerada mais inteligente em um momento de Selic elevada e restrições no Plano Safra.
Indústria se adapta ao novo comportamento de compra
As próprias fabricantes de máquinas agrícolas ajustaram suas estratégias para atender à nova demanda. Ofertas com prazos flexíveis, planos de consórcio internos e maior customização nos modelos de aquisição foram alguns dos recursos utilizados pelas empresas expositoras para não perder negócios diante das condições adversas do crédito oficial.
“Hoje o produtor sabe fazer conta e está muito mais racional. Ele quer manter produtividade sem comprometer seu fluxo de caixa”, comentou um executivo de uma grande montadora presente na Agrishow. A percepção geral é de que o agro amadureceu financeiramente, e agora opta por caminhos menos arriscados, mesmo com capital disponível.
Transição financeira no campo: tendência ou reação conjuntural?
Embora a mudança no perfil de compra esteja atrelada às taxas de juros atuais, especialistas ponderam que esse comportamento pode consolidar uma nova cultura financeira no setor agrícola. A descentralização do crédito pode representar uma forma de autonomia para o produtor e de competição saudável entre instituições financeiras e cooperativas de crédito.
O Brasil rural mostra, mais uma vez, sua capacidade de adaptação diante de desafios econômicos. Se por um lado os juros altos limitaram o acesso a programas tradicionais, por outro, reforçaram a criatividade e o senso estratégico do empreendedor do campo. A Agrishow 2025, nesse contexto, não apenas exibiu novas tecnologias, mas revelou um novo modelo mental de negócios no agronegócio nacional.
📢 Fique de olho no @jornalcarangola⤵️
#jornalcarangola #carangola #carangolamg
COMENTÁRIOS