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Carangola,21/09/2025

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Amélia Rodrigues

Mentes em Foco

Sobrecarga sensorial: uma jornada silenciosa para as pessoas neurodivergentes

Muitas pessoas experimentam desconforto com certos estímulos, mas a hipersensibilidade sensorial é uma condição em que a reação é muito mais intensa, podendo afetar a vida diária. Identificar os sintomas é o primeiro passo para buscar estratégias de adaptação e suporte. Pessoas com hipersensibilidade auditiva possuem intolerância a ruídos, dificuldade de concentração e reações físicas diante determinados sons.

Por sua vez, a sensibilidade visual não se trata apenas de luzes fortes, mas também da organização e do movimento no ambiente como reação à luz, dificuldade em ambientes cheios e perturbações que envolvem o foco visual. Ainda podem estar presentes no indivíduo neuroatípico a  hipersensibilidade ao toque, que vai além do simples incômodo e gera sofrimento real diante de situações normais para as outras pessoas. bem como a intolerância a tecidos, texturas, aversão ao toque e dificuldades com variações de temperaturas.

Outra sensação correlata a neurodiversidade é a sensibilidade excessiva a cheiros e sabores, a sensibilidade olfativa e gustativa afetam diretamente  a alimentação e bem estar  em ambientes com cheiros fortes.  É importante lembrar que esses sintomas podem variar de pessoa para pessoa.  Para a maioria das pessoas, o som do alarme, o cheiro do café e a luz do sol entrando pela janela são apenas parte da rotina matinal. Mas para as pessoas neurodivergentes, essa sequência de estímulos pode ser o início de um desafio invisível e exaustivo: a sobrecarga sensorial.

A sobrecarga sensorial não é simplesmente se sentir um pouco sobrecarregado por muitos estímulos. É um estado em que o sistema nervoso não consegue processar e regular a quantidade de informação sensorial que recebe do ambiente. Imagine o cérebro como um computador que precisa gerenciar dezenas de janelas e programas ao mesmo tempo, mas sem a capacidade de fechá-las. Em pouco tempo, ele trava. No cérebro neurodivergente, o volume do som, a intensidade das luzes, a textura das roupas e até o toque de outra pessoa podem ser percebidos de forma amplificada.

Os desafios da vida cotidiana

A sobrecarga sensorial pode transformar tarefas simples em obstáculos enormes. Para quem tem Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou outras condições neurodivergentes, ir ao supermercado, por exemplo, é uma experiência totalmente diferente. As luzes fluorescentes, o barulho dos carrinhos, a variedade de cores e os aromas fortes se misturam em um turbilhão de sentimentos que pode causar ansiedade e até crises de pânico.

No ambiente de trabalho, o som do teclado de um colega, a conversa na sala ao lado ou a temperatura do ar condicionado podem dificultar a concentração e a produtividade. Muitos neurodivergentes acabam optando por usar fones de ouvido com cancelamento de ruído ou óculos escuros para tentar diminuir a intensidade dos estímulos.

Em eventos sociais, a mistura de vozes, músicas e cheiros pode ser tão avassaladora que a pessoa precisa se isolar em um local mais calmo para se recompor. Infelizmente, essa necessidade de se retirar é mal interpretada como grosseria ou falta de interesse.

Compreensão e empatia como ferramentas

Superar a sobrecarga sensorial não é fácil, e muitas vezes requer o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento. Isso pode incluir a criação de um "kit de sobrevivência" com itens como fones de ouvido, óculos de sol e brinquedos sensoriais (como fidgets), que ajudam a regular o sistema nervoso. Além disso, a busca por espaços silenciosos e a comunicação aberta sobre as suas necessidades são fundamentais.

Mas a maior ferramenta contra a sobrecarga é a empatia. É crucial que a sociedade entenda que a neurodiversidade não é uma doença, mas uma variação natural da mente humana. Ao invés de julgar, devemos perguntar: "Como posso ajudar?" ou "Existe algo que eu possa fazer para que você se sinta mais confortável?".

Pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença: usar uma iluminação mais suave em ambientes públicos, oferecer a opção de um espaço silencioso em eventos ou simplesmente respeitar o pedido de alguém que precisa de um tempo para si.

A jornada de uma pessoa neurodivergente é muitas vezes percorrida sob a sombra da sobrecarga sensorial. A compreensão e o acolhimento da sociedade são passos essenciais para que essa jornada se torne um pouco mais leve e que os desafios diários sejam enfrentados com mais dignidade e segurança. Se você se identifica com vários desses sinais, pode ser útil procurar a orientação de um profissional, como um terapeuta ocupacional ou um neurologista, para um diagnóstico e para desenvolver estratégias que ajudem a gerenciar a hipersensibilidade no dia a dia.




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